domingo, 1 de maio de 2016

Uber: concorrência e escolha


fotografia uber


Portugal é um país fantástico onde os táxis são particularmente maus e os ubers particularmente bons. Antes de entrarmos num táxi não sabemos muito bem o que vai acontecer: às vezes o serviço é razoável, outras vezes é grosseiro, rude e cheira mal. Quando entramos num uber a temperatura ambiente é ajustada com todo o obséquio ao nosso agrado – e mal sabíamos nós das maravilhas da temperatura ambiente. Este jogo das diferenças entre táxis e ubers é demasiado simples para ser verdade. Por norma, os táxis não são assim tão maus e os ubers não são assim tão bons. Mas somos um país fantástico e por isso absolutamente sintomático do que está em causa nesta disputa: a nossa liberdade.

O sector dos táxis, protegido pelo estado, nunca teve incentivo a prestar um melhor serviço nem a adaptar-se aos tempos. Mas os tempos permitiram à Uber contornar este proteccionismo. A disrupção digital, no fundo, permitiu à Uber operar como se o mercado fosse livre, aparecendo com melhores preços e um serviço melhor. Mas este nosso país oferece ainda uma maravilha particular: a reacção do governo, ou seja, atirar dinheiro do contribuinte para cima do problema. A receita socialista traduz-se em 17 milhões para modernizar um sector que o próprio governo não deixou modernizar.

Este é um exemplo claro de alguns dos principais problemas da regulamentação excessiva e intervenção do estado na economia. A primeira consequência que vemos é um bloqueio à inovação e ao progresso. A segunda é subida de impostos e dívida pública como tentativa de resolver o problema através de gastos públicos. E o pior é que o dinheiro é simplesmente gasto: ou alguém acredita que os taxistas vão subitamente comprar bons modos e aparecer com um serviço tecnológico topo de gama?

As soluções que um estado socialista procura para os problemas que cria seriam naturalmente dadas pelo mercado livre. É preciso alguma regulamentação, é certo, mas se calhar vale a pena repensar até onde deve ir o papel do estado. Ao impedir concorrência e escolha, o estado contribui directamente para preços mais altos e pior serviço. E talvez mais grave ainda: retira liberdade de escolha aos consumidores. A liberdade, para estes intelectuais do conhecimento centralizado, é apenas um conceito teórico.